Convergência 2015 | Coletividades em TransMigração: Animando corpos através das fronteiras refere-se à miríade de pontos de conexão entre corpos, ideologias e espiritualidades dentro e além das fronteiras nacionais. Apesar da especificidade das práticas políticas nos diferentes países, alguns contextos políticos e sociais – tais como o genocídio das populações negra e indígena, a criminalização dos movimentos sociais, bem como o capitalismo e suas múltiplas formas de expropriação – operam para além das fronteiras dos estados-nação. Consequentemente, diferentes formas de coletividades têm sido criadas, unidas pela convergência de suas experiências políticas e afetivas e pelo intercâmbio de estratégias de resistência que têm TransMigrado em diferentes formas. O prefixo “Trans” em “TransMigração” expande nosso entendimento do quê e de quem pode migrar, bem como de quando, onde e como essas migrações ocorrem. Em toda a América coletividades são animadas, por exemplo, por meio de experiências compartilhadas de raça, gênero e sexualidade, práticas alimentares, memórias, transtemporalidades e políticas, resultando em nacionalidades expandidas que respondem, mas também resistem, a limites geográficos e físicos. TransMigração forma relações multifacetadas e comunidades que podem existir numa única localidade geográfica, podem transpor fronteiras nacionais e culturais, ou podem ser comunidades imaginadas emergindo de várias redes e comunhões.
A Convergência 2015 é um convite para animar coletividades através das Américas. Animação evoca múltiplos processos de criações multimídia, animismo, estados corporais e transcendentais e mapeamentos geográficos. Esta Convergência Hemi GSI une ativismo, discurso acadêmico e práticas artísticas para animar a TransMigração. Guiando esta chamada, pergunta-se: como as coletividades experienciam transferências através das fronteiras? Como contextos sociopolíticos constroem coletividades transnacionais? Como as novas configurações de redes sociais e políticas questionam a própria noção de “coletividades” e oferecem novas formas de conexões e comunhões? Como idéias, experiências e coletividades em migração rompem com binarismos? De que forma os corpos são transtemporais? Como toda uma coletividade TransMigra para um único corpo e vice-versa? Como animamos ancestrais em migração? Como nossa Convergência é parte de coletividades TransMigratórias?
A Convergência 2015 convoca acadêmicxs, artistas e/ou ativistas a enviar propostas para participar de um de nossos workshops ou grupos de trabalho. Enquanto os grupos de trabalho possibilitam discussão e teorização em meio ao compartilhamento de pesquisas acadêmicas, os workshops permitem discussão e teorização através do trabalho físico/prático. Participantes de grupos de trabalho e workshops iniciarão colaboração online nos meses que precedem a Convergência a fim de explorar métodos que coletivamente produzirão novas estratégias para a inovação do conhecimento e suas práticas. As descrições dos grupos de trabalho e workshops seguem abaixo.
Organização (The University of Texas at Austin)
Coordenação: Gustavo Melo Cerqueira e Verónica Rivera-Negrón
Comitê Executivo: Bart Pitchford, Brianna Figueroa, Gabby Randel, Lydia Nelson, Maya Berry, Nicole Martin, Samuel Blake, e Sebastian Gallardo.
A Convergência Hemi GSI 2015 é realizada graças ao generoso apoio do Instituto Hemisférico de Performance e Política (NYU); Consórcio Canadense para Performance e Política nas Américas, financiado em grande parte pelo Conselho de Pesquisas em Ciências Sociais e Humanidades do Canadá (SSHRC); o programa de Performance como Prática Pública (Departamento de Teatro e Dança, UT Austin); o Colegiado de Fine Arts (UT Austin); o Warfield Center para Estudos Africanos e Afro-Americanos (UT Austin); e JGS Photography.
Visite o website da Convergencia Hemi GSI 2015, nossa página no Facebook, ou https://hemigsi.wordpress.com/ para obter mais informações e atualizações.
PHOTO/FOTO: J Griffin Stewart, cortesia da JGS Photo
Em caso de dúvida, por favor contate-nos via hemigsi@gmail.com
1) Workshop: Dançando Experiências Negras Diaspóricas
Coordenação: Ágatha Oliveira (UT Austin), Evani Tavares Lima (Universidade Federal do Sul da Bahia) e Luiz de Abreu (Universidade Federal de Uberlândia)
A partir de experimentações práticas e reflexões teóricas, nossa proposta é possibilitar o compartilhamento artístico/acadêmico dos múltiplos contextos pessoais de artistas/pesquisadorxs interessadxs na performance negra. Neste workshop, mergulharemos no universo da experiência negra na Diáspora Africana e suas estratégias de reinvenção através do corpo. Por experiência negra entende-se tanto as vivências comuns, cotidianas, históricas e sócio-políticas de expropriação, discriminação racial, exclusão, invisibilidade imposta, criminalização, exotização e objetificação, quanto as experiências diversas de articulação e resistência que possibilitam reconexões com memórias ancestrais, afirmação da identidade negra e atuação sócio-política.
Nessa perspectiva, o corpo negro não somente se revela elemento central e catalisador dessas experiências, mas também espaço de transformação e transgressão. Corpos negros em movimento se reinventam a fim de criar para si espaços de expressão que vão além das fronteiras impostas por uma cultura dominante. Ademais, essa oficina também investigará como os corpos não-negros experienciam, beneficiam-se, reagem, identificam-se, transformam-se e compartilham a experiência negra na Diáspora Africana.
Este workshop será executado a partir de quatro momentos: 1) compartilhamento de materiais e reflexões autobiográficas e sócio-políticas relacionadas ao tema; 2) introdução de elementos da Capoeira Angola (equilíbrio, impulsão, força, agilidade, flexibilidade, entre outros) e dos Fatores de Esforço do Sistema Laban de Movimento (peso, fluxo, tempo e espaço); 3) exploração investigatória dos elementos apreendidos; 4) composição individual e/ou coletiva fundada nos elementos trabalhados.
Ao despertar o corpo para a auto-percepção e interação, espera-se despertar também o espírito, o intelecto e a memória. O modo como cada corpo vai combinar gestos e movimentos com suas próprias memórias, inspirações e histórias deverá culminar na construção de performances autobiográficas transnacionalmente conectadas pelas experiências negras na Diáspora Africana.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Currículo resumido (200-300 palavras).
3. Interesse de pesquisa/artístico (200-300 palavras)
2) Workshop: Coletividades Digitais
Coordenação: Ana Carolina von Hertwig (artista independente), Alex Santana (Tulane University) e Santiago Tavera (Concordia University)
Esse grupo investiga os efeitos da tecnologia e da mídia na nossa percepção de mundo. Essa perspectiva aumentada possibilita a criação de espaços próprios, sem diferenciação entre fato e ficção. Essa identidade digital permite a percepção de espaços e tempos enquanto receptáculos de realidades físicas e virtuais que só existem simbioticamente, uma em relação à outra. Culturas emergem da comunicação e movimento entre múltiplos lugares, histórias, e posições do sujeito. Essas culturas estão sempre sendo transformadas e em constante processo de tradução. Duplicações ou divisões de identidades culturais e do self nacional estão sempre acontecendo, negando a materialidade do mundo e a fisicalidade do corpo, uma vez que alguém sempre se encontra aqui e agora e, por outro lado, o aqui e agora sempre estão dentro desse alguém. Esse uso da tecnologia como ferramenta de experimentação num palco de infinitudes permite a descorporificação e deslocamento do self através da visão intermediada e da construção de outras possibilidades. Os efeitos da tecnologia não nos dão respostas ou soluções, mas sim ambiguidades entre o que é tido como verdade e o que é tido como ficção.
Mais que uma ferramenta funcional, a tecnologia será vista como um expediente que estimula a imaginação e projeta infinitas ou múltiplas possibilidades. Espaços e corpos têm sido experienciados digitalmente como uma “segunda vida”, uma ilusão de espaço através de imagens estereográficas e como uma rede de espaços múltiplos e distantes que se tornaram nossas realidades virtuais. Com o crescente acesso a espaços físicos via intermediação tecnológica, que efeitos isso produzirá no que se refere a habitar, entender e perceber arquitetura, espaço, arte e cultura? Como artistas, museus e outras instituições culturais se adaptam a essas mudanças? O que acontece quando atividades artísticas abandonam a materialidade física e tomam a forma de arquivos digitais e documentos experienciados fora do espaço físico? Como desenvolvimentos emnet art, New Institutionalism, post-internet theory, hacktivism e dissidência digital refletem essas mudanças?
Esse workshop consistirá na exploração entre teoria, materiais, tecnologia, corpo, espaço e a própria Convergência. Pensando nos efeitos do digital, o objetivo é engajar numa web-basedperformance coletiva através do uso do equipamento técnico disponível e dos equipamentos e acessórios tecnológicos dos próprios participantes. O objetivo é conectar diferentes tempos e espaços através da web e incluir a interação física com o ambiente urbano, o engajamento pessoa-a-pessoa e as possibilidades digitais.
Documentos necessários:
1. CV + Currículo resumido.
2. Declaração de interesse.
3. Portfólio/website (5 imagens e/ou links para video clips).
3) Workshop: Corpos [Femininos] + Fronteiras [da Feminilidade]
Coordenação: Luiza Prado de O. Martins (University of the Arts Berlin), Natália da Silva Perez (Freie Universität Berlin) e Sandrine Schaefer (Art Institute of Chicago)
A partir da exploração do corpo como um lugar de provocação, esse workshop investiga as diferentes formas pelas quais o gênero é construído/desafiado/destruído nesse lugar. Usando as fronteiras entre feminilidade e queerness, e fertilidade e contracepção como tema-guia, este workshop utiliza estratégias de site-specific performance para investigar como esses conceitos têm mudado desde o passado até o presente e imagina como eles devem continuar a mudar no futuro. Com o objetivo de criar colaborativamente uma ampla gama desses possíveis futuros, bem como imaginar possibilidades especulativas do passado, esse workshop promove a imersão dxs participantes num intervalo de tempo especulativo, em vez de pedir que abordem o tema através de uma perspectiva deslocada, dos dias atuais. Para isso, o workshop explora como a “suspensão da crença” pode atravessar o lugar de conhecimento de uma pessoa ao criar narrativas colaborativas. Partindo da análise de suas experiências individuais, participantes serão convidadxs a abordar os temas inter-relacionados do corpo, da fertilidade e da contracepção através da escrita, abstração, especulação e performance de seu passado e futuro.
Além de reconhecer como o tempo vive no corpo, esse workshop localiza espaços de trânsito no campus como lugares de tensão e curiosidade para realizar ações sensíveis ao espaço e baseadas no corpo. Essa abordagem aos espaços de trânsito atende a expressões fluidas/liminares do self e leva os participantes a desenvolver estratégias para se expressar com o corpo em vários ambientes de modo que confrontem/explorem/extraiam poder de/desafiem/desmantelem/quebrem conceitos de feminilidade em performance.
Documentos necessários:
1. Uma declaração dizendo quem você é, quais seus interesses, como você acha que pode contribuir para o workshop, e como você espera que o workshop contribua para seus trabalhos e interesses.
2. Se quiser, você também pode enviar uma pequena mostra de seu trabalho (fotos e links para vídeos ou para seu website).
4) Workshop: Pânico Transnacional, Violência e Crimes de Estado: Esterilização Forçada
Coordenação: Jon Irigoyen (Aalto University), Natalie Goodnow (University of Texas at Austin)
Esse workshop colaborativo desenvolverá uma performance/evento/intervenção artística sobre o tema da esterilização forçada no contexto dos Estados Unidos. A performance/evento/intervenção acontecerá num espaço público de Austin, TX.
Esse tipo de política de controle populacional ainda éimplementado nos Estados Unidos - o primeiro país a concretamente realizar programas de esterilização forçada baseados em princípios eugenistas. Em 1926, a Suprema Corte dos Estados Unidos aprovou a lei de esterilização. Desde então, milhares de indígenas e mulheres negras têm sido esterilizadas contra as suas vontades por ocasião das mais diversas internações hospitalares, tais quais parto ou cirurgias, promovendo o avanço de um projeto racista. Algumas esterilizações aconteceram em prisões e outras instituições penais com o suposto objetivo de "combater o crime". De 1927 a 1972 mais de 650.000 pessoas foram esterilizadas em 33 estados por programas estatais de “purificação racial”. Médicos contratados pelo Departamento Correcional e de Reabilitação esterilizaram mais de 150 detentas entre 2006 e 2010 sem as autorizações requeridas pelo Estado, de acordo com o Center for Investigative Reporting.
O workshop começará previamente à chegada em Austin/Convergência 2015, através da troca de artigos e documentos entre participantes sobre: 1) a história da esterilização forçada e a violação dos direitos humanos de mulheres encarceradas e mães nos Estados Unidos; 2) os festivais, tradições e artefatos culturais de Austin,TX e áreas circunvizinhas, com o objetivo de utilizá-los como ferramentas para chamar a atenção para a esterilização forçada nos Estados Unidos. Trabalharemos em solidariedade com grupos e indivíduos em Austin que utilizam a arte como instrumento em seu trabalho sobre encarceramento e maternidade e para proteger os direitos de mulheres encarceradas e mães.
A questão da esterilização forçada é um tópico que é geralmente ignorado na esfera pública e precisa ser divulgado por conta de sua natureza transnacional. Com esse objetivo, utilizaremos a arte como ferramenta para mudança, conscientização e desenvolvimento social.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Currículo resumido (300 palavras no máximo).
3. Uma carta de intenção (300 palavras no máximo).
Não são necessárias experiência prévia ou conhecimento especializado sobre o tema do workshop.
5) Grupo de Trabalho: Trauma de Fronteira
Coordenação: Andrés López (Indiana University), Christine Wheatley (UT Austin), Isabel Gil-Everaert (The City University of New York) e José A. Centeno-Meléndez (UT Austin)
Esse grupo de trabalho aborda os temas fronteiras, traumas de fronteiras e migrações. Nós estamos interessadxs em explorar as várias manifestações e reconfigurações de fronteiras na vida cotidiana, incluindo o reposicionamento de fronteiras em comunidades imigrantes e a expansão estatal de fronteiras territoriais para o interior, através de hiper-policiamento, busca por trabalhadores imigrantes sem documentação e monitoramento/vigilância. Nos interessamos pela fluidez das fronteiras e o movimento de pessoas, narrativas e ideias através das fronteiras. Damos testemunho às várias formas de trauma – físico, emocional, psicológico, social e cultural – que acontecem por conta das fronteiras, geralmente criadas através da violência estatal e da imposição de silêncios. Nós também consideramos a corporalidade do trauma e a presença de seus efeitos nas vidas das pessoas, bem como a resiliência e formas de resistir daquelas que sofreram o trauma.
Também estamos interessadxs em romper as fronteiras entre pesquisa, arte e ativismo. Nesse grupo de trabalho, pesquisadorxs, artistas e ativistas comunitários terão a oportunidade de colaborar em um esforço de co-criar novas formas de conhecimento e expressão que enriqueçam nosso entendimento sobre fronteiras, trauma de fronteira e migrações. Mais que um exercício acadêmico, esse grupo de trabalho combinará teoria e prática – pesquisa acadêmica aliada a expressão artística e trabalho no mundo real acerca desses temas. Esperamos que através dessa colaboração participantes possam repensar como pesquisa, arte e trabalho comunitário podem informar e influenciar um ao outro de modo mutuamente benéfico. Assim, pedimos axs participantes que enviem uma curta proposta que articule seus interesses em um ou mais dentre os tópicos mencionados com a opção de propor um projeto colaborativo. Com base nas propostas selecionadas, criaremos sub-grupos para trabalhar em projetos colaborativos durante nosso tempo juntos. A expectativa é de que estes projetos continuem após a Convergência 2015
Documentos necessários:
1. CV
2. Currículo resumido (150-200 palavras).
3. Proposta de 200-300 palavras que articule os interesses particulares dx participante em relação aos temas de fronteiras, trauma de fronteira e migração (com a opção de propor um projeto colaborativo).
Observação: propostas podem incluir, mas não estão limitadas a: métodos de teatro aplicado, artigos empíricos ou teóricos, mostra de portfólios, artes visuais, música, outras formas de escrita (ficção, poesia, etc), filmes (ficção ou documentário)
4. Suas expectativas em relação ao grupo de trabalho (por favor, limite sua resposta a algumas sentenças).
6) Grupo de Trabalho: Cruzamento(s): Dançando Através das Fronteiras
Coordenação: Daniel Costa (Universidade de São Paulo) e Rachel A. Oriol (Miami University)
Dançar é mover e expressar o corpo ritmadamente, literalmente cruzando tempo e espaço enquanto se performam identidades culturais como gênero, etnicidade, nacionalidade, sexualidade, etc.
A fronteira (encruzilhada) nós definimos como um lugar, um valor, uma opção, uma linha de trabalho, um campo de ação, um front, uma zona de conflito, de negociações, ou mesmo um estado mental.
O grupo de trabalho “Cruzamento(s): Dançando Através das Fronteiras” irá investigar como fronteiras ou definições mutáveis e inter-relacionadas delimitam a noção de territórios livres. Iremos ainda abordar os modos pelos quais a dança reside entre lugares, pensamentos e tempos nestes mesmos territórios. Estamos interessadxs em quebrar com o tempo linear e causal da dança – assim entendida de acordo com uma perspectiva Ocidental – para enfatizar os modos não lineares de movimento que permitam cruzamentos, hibridização, contaminação e mediação entre o corpo dançante e outros elementos interculturais através de espaço e tempo (geopolítica, discursos estéticos, modos de fazer, mitos, símbolos, rituais, performances etc).
Neste grupo de trabalho objetivamos estimular o diálogo e a curiosidade sobre a variedade de perspectivas em estudos da dança na medida em que cruzam fronteiras tangíveis e figurativas. Queremos formar um grupo de pesquisa que irá compartilhar trabalhos sobre como a corporeidade se torna condutora para o(s) cruzamento(s) e transferências de cultura. Para isso, xs membrxs desse grupo de trabalho irão: 1) estabelecer discussões com outrxs acadêmicxs sobre o tema listado acima; 2) compartilhar trabalhos em progresso com xs membrxs do grupo, através de várias mídias, antes e durante a Convergência; 3) praticar a edição crítica de nosso próprio trabalho para articular mais claramente nossos pensamentos e movimentos; e 4) refletir criticamente não apenas sobre o nosso trabalho em si, mas também o propósito do nosso trabalho e a maneira pela qual o conhecimento é construído e reconstruído através de um grupo de trabalho.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Breve descrição dos interesses de pesquisa (150-200 palavras).
3. Portfólio ou mostra de trabalho (se houver).
Observação: Performances devem ser submetidas utilizando alguma plataforma virtual (blog, website, youtube etc).
7) Grupo de Trabalho: Cruzamentos Globais: Identidades Decoloniais em Perspectivas (Trans)Atlânticas e Hemisféricas
Coordenação: Célia Carmen Cordeiro (University of Texas at Austin) e Daniela Meireles (University of Texas at Austin)
Esse grupo de trabalho visa explorar identidades que são construídas a partir de histórias pessoais de migração nos mundos hemisférico e transatlântico. Considerando a definição de Walter Mignolo de identidades decoloniais enquanto identidades contra-hegemônicas formadas e processadas a partir de uma “desobediência epistêmica” (Mignolo 2011) que produz um conhecimento limite e razão subalterna (Mignolo 2000), esse grupo de trabalho propõe gerar diálogos interdisciplinares que desafiem e desconstruam definições eurocêntricas de identidade.
Queremos entender como memória, lugar e/ou personalidade são construídas e atuadas por comunidades étnicas de modo a criar possibilidades para definir uma praxis descolonial dissociada das hierarquias que reproduzem manifestações neocoloniais de identidades por toda Europa e Américas. Nós examinaremos sujeitos étnicos interseccionalmente e levaremos em conta as categorias de gênero, raça, classe, nacionalidade, sexualidade e identidades indígenas. Nós questionamos: de que maneiras identidades decoloniais são promovidas sem reiterar formas existentes de colonialismo? Como novos “modos de ser” são reconstruídos através da migração de corpos e culturas? Como diversas áreas de estudo interpretam a interface entre relações de poder e formações identitárias? Quais são as consequências sócio-econômicas, políticas e culturais de se re-mapear localidades para os sujeitos migrantes?
Nosso grupo de trabalho procura por estudantes de pós-graduação, ativistas, artistas e/ou críticos culturais para compartilhar abordagens interdisciplinares que examinem identidades decoloniais representadas contemporaneamente em filmes, documentários, textos literários, performances artísticas e exposições de arte.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Currículo resumido.
3. Declaração de interesse.
8) Grupo de Trabalho: Explorando os Limites do Corpo
Coordenação: Christina Baker (University of Wisconsin- Madison), James McMaster (NYU), Lilia Adriana Pérez-Limón (University of Wisconsin- Madison), Sarah Manya (Concordia University) e Shelley Liebembuk (University of Toronto)
Os axiomas dos estudos migratórios nos convidam a interrogar criticamente o deslocamento e a descartabilidade de pessoas e corpos que há tempos estão envolvidos em circuitos de trabalho e exploração. Semelhante aos corpos TransMigratórios da Convergência Hemi GSI 2015, que são “corpos animados através das fronteiras”, pedimos aos participantes para considerar valências políticas contemporâneas de conceitos transnacionais. Desse modo, devemos prestar atenção às influências que moldam o modo como corpos reconfiguram cartografias de pertencimento ao desestabilizar conceitos de ser, ao existir entre e além das fronteiras, ao “passar” como alguém diferente do seu próprio ser, e através de situações de (im)permanência. Esse grupo de trabalho explorará atos não-corpóreos enquanto performativos e enquanto performances. Onde o corpo começa e termina? Quais seus limites? Como a performance e suas tecnologias nos desafiam a pensar expansivamente sobre o corpo? A partir do vasto contexto das Américas, esse grupo de trabalho procura analisar elementos da performance – como som, materiais fotográficos, gravações em vídeo, memoriais, trabalhos de instalação etc. – de modo a considerar o que se entende como um corpo, e como atos performativos existem para além dos limites do corpo físico. Como práticas de intervenções sonoras, visuais, táteis, e olfativas redefinem o cívico? Podem esses trabalhos sensoriais ser atos de responsabilidade social? Como podemos teorizar tais funções sensoriais de modo a sintonizar o sensorial do capital neoliberal e seus regimes de representação?
Documentos necessários:
1. CV.
2. Currículo Resumido.
3. Texto de até 250 palavras sobre como o seu trabalho se enquadra no tema proposto por esse grupo de trabalho.
4. Portfólio artístico online ou link de vídeo com trabalho artístico (se houver).
9) Grupo de Trabalho: Identidades Indígenas Através das Fronteiras
Coordenação: Andrea Chamorro (Universidad de Tarapacá), Gisselle Vila Benites (Pontificia Universidad Católica del Perú), Sara Campbell (Indiana University) e Sylvia Richardson (Simon Fraser University)
Esse grupo de trabalho convida pessoas interessadas em discutir as lutas dos povos indígenas. Convidamos artistas, acadêmicos e ativistas de qualquer área cujo trabalho repense e reimagine as fronteiras contemporâneas que definem as identidades indígenas. Pretendemos transcender limites rígidos e conclamar a solidariedade em nossos processos de saber e em nossas práticas comunitárias e comunhão com o mundo. Como co-aprendizes iremos explorar as oportunidades de responder e superar roteiros históricos de colonialismo e noções monoteístas de desenvolvimento que aprisionam nossas imaginações e nossa habilidade de criar formas plurais de existência. Nesse caminhar e sonhar juntxs, novas visões, conceitos e entendimentos emergem de nosso trabalho colaborativo. Gadamer (1989) diz que nós estamos “desde sempre” em transição, aprendendo a mediação entre culturas. Queremos discutir os seguintes temas/questões/idéias: que estéticas e experiências conectam as performances de identidades indígenas ou as performances indígenas? Como corpos, identidades e artefatos podem ser usados para trazer as lutas políticas para uma nova arena? Como espaços físicos de etnicidade ou herança corporalizadas, atuadas, observadas e contestadas – como destinações turísticas, por exemplo – podem ser vistos como espaços de cruzamentos de fronteiras? Como se podem revelar as continuidades e atritos propostos pela internet em relação à política de identidade? Como as comunidades indígenas se mobilizam em cenários virtuais? Em que medida identidades são instrumentais quando mobilizadas pela internet? Que possibilidades o mundo online, quando visto como um espaço vivo para co-criação, oferece para as comunidades indígenas?
Documentos Necessários:
1. CV.
2. Currículo Resumido.
3. Declaração de interesse (250 palavras).
10) Grupo de Trabalho: Riso Sem Fronteiras
Coordenação: Danielle Roper (New York University), Fabio Salvatti (Universidade Federal de Santa Catarina) e Lía La Novia (Universidade Nacional Autónoma de México)
“A raça humana tem, inquestionavelmente, uma arma realmente efetiva – o riso … Contra o ataque do riso, nada pode resistir”, escreve o autor e humorista Mark Twain. Ainda que conceituações sobre o cômico variem de acordo com o contexto cultural, humor e riso são características comuns aos seres humanos. O humor, em particular, funciona como uma voz de diversão, de festividade e como um meio de transmissão. Pode ser uma ferramenta de resistência, bem como um instrumento para a reprodução de ideologias específicas. O grupo de trabalho “Riso Sem Fronteiras” interroga o trabalho que o humor é levado a fazer rem relação a estruturas de poder dentro de estados-nação e através de fronteiras transnacionais. Como o estudo de humor racial através do hemisfério revela ideologias que se estendem para além das imaginadas fronteiras dos estados-nação? Qual o papel do humor no ativismo local e transmigratório? Quais são as estruturas afetivas que as práticas de humor revelam, e a quais funções elas servem no ativismo?
Esse grupo de trabalho convida engajamentos críticos com vários tipos de humor, incluindo atos de imitação, seja racial, de cruzamento ou transformação de gênero, e uso de máscaras. As atividades do grupo incluem: 1) coleta de exemplos específicos de intervenções humorísticas que critiquem nação, classe, gênero, sexualidade e raça em contextos transnacionais e hemisféricos; 2) discussão de recortes conceituais que dêem suporte à conexão entre humor e ativismo; 3) desenvolvimento de uma ação coletiva a ser performada durante a Convergência 2015.
Documentos Necessários:
1) Currículo resumido enfatizando afiliações artísticas, acadêmicas e/ou ativistas, além dos principais interesses de pesquisa, estéticos e/ou politicos (200 palavras).
2) Auto-retrato em que x aplicante é requeridx a fazer a cara mais boba possível.
11) Grupo de Trabalho: Música Através das Fronteiras
Coordenação: Juan Camilo Agudelo (UT Austin), María Sol Bruno (Universidad Nacional de Córdoba), Noé López (UT Austin) e Shelagh Pizey-Allen (York University)
Esse grupo de trabalho propiciará axs participantes o diálogo e a colaboração sobre os desafios e possibilidades de se considerar a música como uma prática inerentemente transgressora de limites. Ainda que reconheçamos os modos pelos quais a música, definida como “som humanamente organizado” (Blacking, 1973), tem sido usada historicamente para dar forma a fronteiras (do self, do coletivo, da nação), nós encorajamos xs participantes a pensar sobre como a música trabalha atravessando limites de modo a reorganizar a sociedade. Como ponto de partida, nós delineamos três amplos tipos de atravessamento de fronteiras com os quais gostaríamos que xs participantes se engajassem.
Fronteiras disciplinares: a pesquisa musical ocorre num horizonte disciplinar crescentemente diverso, da musicologia aos estudos de espaço, da história à psicologia, da sociologia aos estudos queer. A despeito das melhores tentativas da academia, a prática musical resiste a fáceis categorizações. Mais contundente, talvez, seja o potencial da música de desafiar os limites entre pesquisa e prática, entre investigação e performance.
Fronteiras sonoras: como uma prática baseada na produção e experiência do som, a música em si pode ser pensada como delimitada, distinta do ruído e do som. Quem cria e vigia esses limites? Como artistas, ativistas, e acadêmicos usam o som e a escuta como categorias e estratégias críticas? Como som e música são usadas para construir ou fazer ruir diferenças? Como podemos conceber uma política de resistência baseada no som?
Fronteiras Corporais: seja resultante de aculturação musical ou pura força sônica, a música mobiliza e ativa os corpos em engajamento coletivo. Essa dimensão corpórea do som e da música é um dos efeitos mais potentes e, simultaneamente, uma das fronteiras mais contestadas. Como podemos entender o relacionamento entre música/som e movimento corpóreo? Como podemos estrategicamente utilizar música/som com vistas a um movimento político? Quais são os limites dessa relação?
Encorajamos inscrições que se engajem com essas questões através de estudos de caso, performances, e/ou reflexões advindas da experiência com ativismo ou prática artística.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Currículo Resumido.
3. Declaração de interesse que demonstre conexão entre a experiência/pesquisa dx candidatx e os temas desse grupo de trabalho (max 300 palavras).
4. Portfólio Artístico (se houver).
12) Grupo de Trabalho: Políticas da Ficção
Coordenação: Andrés Jurado (Universidad Javeriana de Colombia), Amelia Bande (NYU) e Olivia Gagnon (NYU)
Este grupo de trabalho convida artistas, escritorxs, ativistas e acadêmicxs para se engajar com a teoria e a prática do fazer-ficção enquanto um processo político que anima coletividades transmigratórias. Esse grupo de trabalho focará na circulação de envolvendo o cosmos, o espaço sideral e o espaço extra-terrestre e suas influências na construção de discursos coloniais, nacionais e transmigratórios. Nós investigaremos como processos e práticas de ficcionalização participam da produção de espaço e tempo. Como mapas, cosmografias, psicogeografias, imagens e imaginários do espaço têm nutrido e perturbado nossas mitologias e discursos? Como elas produzem narrativas que descrevem e produzem movimento, afetos, encontros, performances e coletividades? Qual visão cosmogênica nós herdamos? Onde inscrevemos nossas próprias histórias sobre tradições e comunidades que perdemos? Apesar da ficção ser frequentemente utilizada como um mecanismo disciplinador, não são apenas os poderosos que têm acesso ao seu potencial transformador. Esperamos aprender sobre as estratégias ficcionais utilizadas em todo o continente americano através de classes sociais, grupos étnicos e lutas políticas, bem como pretendemos explorar novas estratégias. Modos ficcionais incluem, mas não estão limitados a: paródias; arquivos e documentos “falsos”; simulações; situações encenadas no fluxo do dia-a-dia; fotografias e documentos forjados; instalações, espaços imaginados e imaginários (urbanos, teatrais, arquitetônicos, domésticos etc). Estruturado sob a lógica da pesquisa baseada na prática, esse grupo de trabalho permitirá axs participantes desenvolver estratégicas, intervenções e experimentos para serem encenados (individualmente e/ou em grupo) ao longo da Convergência.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Tópico de pesquisa e parágrafo sobre o seu interesse e o que você espera deste grupo de trabalho.
13) Grupo de Trabalho: Estratégias Contra-Hegemônicas de Contação de Estórias em Zonas de Fronteira
Coordenação: Adriana Trujilllo (Universitat Autònoma de Barcelona), Christina Sisk (University of Houston), Emily Sevier (UCSD), Kate Clark (Storylines TJ/SD) e Sara Solaimani (UCSD)
La frontera existe para transgredirla...
The border exists to be transgressed...
A fronteira existe para ser transgredida…
Para se entender a realidade vivida de uma fronteira, seja ela nacional ou local, física ou social, ela precisa ser considerada não como um edifício militarizado física e ideologicamente impermeável, mas sim como uma entidade porosa que é constantemente transgredida. Transgressões cotidianas, trocas legais e extra-legais, fluxos materiais e invisíveis de bens, pessoas e culturas promovem aberturas nas narrativas predominantes de/sobre/ao longo de uma fronteira – delineando suas limitações e destacando lacunas em/através das quais novos imaginários binacionais/transnacionais podem ser suscitados. Enquanto pesquisadorxs, artistas, ativistas e educadorxs, quais são as metodologias e plataformas que nós podemos empregar para desconstruir e abrir essas brechas? Como nós comunicamos meta-narrativas, o subalterno, e/ou a resistência em territórios carregados e entrecruzados por narrativas hegemônicas dominantes? Como os processos de tradução, interpretação e edição se tornam parte inerente tanto do processo de pesquisa quanto do processo de criação?
Esse grupo de trabalho será uma oportunidade para discutir e compartilhar abordagens teóricas, estratégias e metodologias nascidas de particularidades regionais e especificidades locais que compartilham solidariedade e pontos de contato através do interesse na contação de estórias, documentação e/ou representação/apresentação de narrativas contra-hegemônicas dentro de zonas de fronteira.
Documentos necessários:
1. CV.
2. Currículo resumido.
3. Declaração de interesse.
4. Uma mostra de projeto, em qualquer plataforma: texto, vídeo, performance, documentação, etc.