María Emilia Tijoux é socióloga e doutora em Sociologia pela Université Paris 8. É acadêmica e pesquisadora do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e coordenadora do doutorado em Ciências Sociais da Universidad de Chile. Coordena o Núcleo de Investigación Sociología del Cuerpo y las Emociones e é diretora da revista Actuel Marx Intervenciones. Suas pesquisas abordam a imigração das últimas décadas, a xenofobia, o racismo, a sexualização e racialização dos imigrantes e os procesos de sua desumanização. Acaba de editar o livro “Racismo no Chile: a pele como marca da imigração”.
O corpo como cicatriz. Relações coloniais e violência racista
O corpo imigrante não precisa revelar o que contém. A sua mera presença o torna hoje objeto de desprezo e de castigos reiterados. Seus traços, sua cor, seu gênero, somados à sua falta de capitais econômicos, o configuram como um corpo para extrair trabalho. Esta desumanização não é algo novo, provém da história colonial e da configuração de um Estado-nação armado em chave “branca-europeia”, que marca a separação entre o Amo que depreda e um servente submisso, em meio ao caos neoliberal que favorece a repartição desigual entre os seres humanos.