Memória e violência

Complejo Conejo é um coletivo de atores e designers teatrais, todos formados pela Universidad de Chile. Seu propósito é instalar a ficção em espaços públicos e privados, por meio de intervenções urbanas e performances. Experimentam com o zoomórfico, resgatando a memória cultural e os imaginários populares como elemento discursivo.

Exterminados como ratazanas

O “Complejo Conejo” relembra as vítimas dos últimos 41 anos, usando a famosa e cruel manchete de 1975 do jornal La Segunda, simpatizante da ditadura, criado como parte de uma operação do serviço secreto para encobrir o assassinato de 119 opositores do regime de Pinochet. Hoje, 41 anos após o golpe, somos todos ratazanas.

Daniela Contreras López é atriz da Universidad de Chile, especializada em Estudos de Teatro e Performance pelo King’s College (Londres). Como performer e pesquisadora, seus interesses incluem o teatro e a performance chilena e latino‐americana, os estudos da memória, os direitos humanos e a representação visual e teatral na geração pós‐ditadura.

Rastros

Rastros é uma peça realizada por 50 performers, que utilizam farinha de trigo para imprimir as mãos dos transeuntes do Palácio dos Tribunais de Justiça de Santiago. Logo, um secador de cabelo tentará remover os rastros, que parecerão resistir ao desaparecimento, símbolo da memória do Chile e dos milhares de desaparecidos na América Latina.

Descodificação de monumentos simbólicos ou “Monumentos” à ordem habitual

Descodificação efêmera e temporal de monumentos históricos simbólicos em Santiago–Chile. Busca nova leitura, análise e avaliação que afetem os processos de circulação social em que seus conceitos são gerados e atuam, criando novos nexos conceituais arte política–espaço público.

César Martínez (b.1962) aborda em seu trabalho as diversas problemáticas econômicas, sociais e culturais enfrentadas nas últimas décadas. A partir de uma ótica de provocação, crítica e confusão, utiliza diversos meios para abordar temas como o excesso social diante de um sistema falido, o fracasso das instituições, a globalização.

memory vs. memory é uma colaboração de performance de toda uma vida entre Ly Hoang Ly e Patricia Nguyen, que explora a liberdade e a sujeição logo após a revolução comunista no Vietnã. Os pais de Ly e Nguyen estavam em lados opostos durante a guerra do Vietnã e foram encarcerados pelo mesmo governo comunista em campos de reeducação.

memory vs. memory: centro de detenção

Esta performance reúne histórias divergentes da revolução comunista, da propaganda e da guerra do Vietnã no local de detenção para curar com rituais de chá. A obra promove o trabalho de memória da dupla para sustentar o seu compromisso de uma vida para com a arte da memória, convidando o público a participar.

Natascha de Cortillas Diego (1967) é formada em Artes Plásticas pela Universidad de Concepción e mestre em Arte Urbana pela UNAM, México. Atualmente, é professora de Artes Visuais da Universidad de Concepción e desenvolve ações culinárias do ponto de vista das artes visuais, articulando sistemas de produção local, feiras livres e território.

O Chile amassa o seu pão

Este trabalho é um exercício etnográfico que, no cenário urbano, levanta e alivia o contraste entre o silêncio e o esquecimento da experiência da vida cotidiana chilena atual. A ação transita por uma rota de quatro pontos na cidade de Santiago, Chile.

NINFEIAS – Núcleo de INvestigações FEminIstAS, coordenado pela performer Nina Caetano, tem como eixo de pesquisa práticas performáticas feministas, atuando por meio de performances, oficinas e encontros que visam a troca e a provocação ético‐estética entre as pesquisadoras e as mulheres e adolescentes da comunidade de Ouro Preto, MG.

Dançar é uma revolução

A cada dia, por todo o mundo, mulheres são agredidas, violentadas, torturadas, mortas. Para que nenhuma mais o seja, nos erguemos, nossos corpos em festa! Este é um ato público que convoca cada mulher a vir dançar, vestida de roxo e/ou branco, com fones de ouvido ou instrumentos. Venha, mulher! Liberte seu corpo; a rua é sua.

Rodrigo Barreda, artista gráfico chileno, pesquisa e trabalha com artes gráficas e política, é cofundador do Allende Arts Festival e do Latin American Canadian Art Projects. Dirigiu a implementação das iniciativas Pasaje Victor Jara e Arte de las Américas. É curador de Awaiting Your Return e MURO – El Arte de Alejandro “Mono” González, entre outros.

Design para acabar com a tortura (DTT)

Uma intervenção pública que propõe ampliar e amplificar a discussão sobre a tortura no Chile de uma perspectiva focada nas experiências das vítimas. Busca reunir diversos atores – envolvidos e/ou afetados pela “tortura” – para gerar ideias e esboços que nos permitam começar a abordar publicamente o tema.

Christine Brault vive e trabalha em Montreal, Canadá. Como artista performática, cria ações e intervenções poéticas, comprometidas e feministas a partir de uma visão sociológica. Seu trabalho já foi apresentado em festivais internacionais de performance e em residências artísticas em vários países nas Américas, China e Europa.

Tecendo memórias

Nos últimos 30 anos, mais de 4.000 mulheres indígenas desapareceram ou foram encontradas mortas em lagos, bosques ou beiras de estrada no Canadá. Dando continuidade à minha pesquisa sobre o feminicídio nas Américas, tecerei com algas e folhas de milho e construirei minha própria bolsa mortuária como um memorial a nossas irmãs.